A Deficiência Auditiva representa uma privação sensorial e pode ser descrita a partir das suas características orgânicas. A classificação deste défice é realizada tendo em conta a localização da lesão, o momento em que tem início e o grau de severidade.
Classificação consoante a localização da lesão:
• Deficiência Auditiva de Condução: a lesão está localizada ao nível do ouvido externo ou médio. Nesta situação, o ouvido interno funciona normalmente mas não é estimulado pela vibração sonora. Na maior parte dos casos, podem ser corrigidas através de tratamentos clínicos ou cirúrgicos.
• Deficiência Auditiva Neurossensorial: a lesão está no ouvido interno e verifica-se a impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível.
• Deficiência Auditiva Mista: é o resultado de uma lesão no ouvido externo ou médio e, simultaneamente, no ouvido interno.
Classificação quanto ao momento em que tem início
• Deficiência Auditiva pré-lingual ou pré-linguística: inicia-se aquando o nascimento, ou numa fase em que criança ainda não adquiriu linguagem.
• Deficiência Auditiva pós-lingual ou pós linguística: a perda de audição ocorre numa fase em que a linguagem e a fala já se encontram adquiridas.
• Deficiência Auditiva peri-lingual ou peri-linguística: a perda auditiva ocorre na fase em que a criança está a adquirir linguagem.
O prognóstico da intervenção em casos de Deficiência Auditiva pós-lingual é mais favorável do que nos outros dois casos. Isto porque, estando a linguagem já adquirida, serão menos as repercussões no desenvolvimento dos vários domínios linguísticos.
Classificação quanto ao grau de severidade
A Deficiência Auditiva pode ainda classificar-se relativamente ao grau de severidade, tendo em conta a perda observada:
• Deficiência Auditiva Leve: 26 a 40 dB. Embora não se verifiquem problemas significativos, podem ocorrer a) dificuldades ao nível da articulação em consequência da discriminação auditiva insuficiente de alguns traços fonéticos, b) desatenção na sala de aula e c) dificuldade em ouvir sons de baixa intensidade, distantes e sussurrados. A maioria das vezes estes problemas não são percebidos pela família.
• Deficiência Auditiva Moderada: 41 a 70 dB. Surgem dificuldades de compreensão em meios ruidosos. A linguagem aparece de forma natural e espontânea mas, geralmente, com um atraso em relação ao padrão normal. Podem, concomitantemente, ocorrer alterações da voz e da articulação. No entanto, com o uso precoce de ajudas técnicas adequadas juntamente com o apoio da terapia da fala e de professores especializados, a linguagem pode desenvolver-se normalmente.
• Deficiência Auditiva Severa: 71 a 90 dB. É possível ouvir sons próximos e de elevada intensidade e existe a necessidade de amplificação. O desenvolvimento da linguagem encontra-se comprometido, mas com uma intervenção precoce é possível conseguir uma articulação inteligível e uma compreensão de nível funcional se forem aproveitados os resíduos auditivos e desenvolvida a capacidade de leitura de fala.
• Deficiência Auditiva Profunda: a partir de 90 dB. A compreensão verbal encontra-se totalmente dependente da leitura de fala sendo, nesta situação, extremamente difícil a aquisição da linguagem oral.
Publicado por Sara Sanches (Terapeuta da Fala)