quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Surdez congénita pode beneficiar visão periférica


Investigadores descobrem em gatos que córtex cerebral compensa outro sentido quando um falha

2010-10-11
Gatos são os únicos animais, para além dos seres humanos, que podem nascer surdos
Gatos são os únicos animais, para além dos seres humanos, que podem nascer surdos
Existem vários casos relatados de pessoas surdas ou invisuais que informam sobre as suas capacidades melhoradas em outros sentidos, mas até agora ninguém sabia como e por quê acontecia. Uma descoberta, publicada na edição online da «Nature Neuroscience», explica que quem tem surdez congénita pode beneficiar de uma visão periférica incrível.

O estudo realizado em três gatos surdos, por uma equipa de investigadores canadianos do departamento de Fisiologia e Farmacologia da Schulich School of Medicine & Dentistry e do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências Sociais, revela que o cérebro tenta sempre compensar a perda de um sentido reforçando outro.
Os investigadores compararam os gatos surdos com outros que dispõe de audição e descobriram que os primeiros têm melhor visão periférica e detecção de movimento. O cérebro é muito eficiente e nunca desperdiça espaço. Por conseguinte, o estudo explica que a partir do momento que o córtex auditivo é estabelecido à nascença e vai esperando por entradas auditivas que nunca vêm, opta por receber estímulos visuais. Sendo assim, as propriedades neurais dedicam-se a aumentar a visão.

A equipa confirmou que a parte do córtex auditivo que se dedica aos interruptores periféricos de audição está ligada à visão periférica. Os gatos são os únicos animais que para além dos seres humanos, podem nascer surdos.

O autor do estudo, Lomber, com a sua equipa, mostrou que apenas duas capacidades visuais específicas são melhoradas nos surdos: a localização visual no campo periférico e detecção de movimento. Chegaram à conclusão que o córtex auditivo, que normalmente se dedica a recolher sons periféricos, trata de melhorar a visão periférica, o que levou os cientistas a perceber que a função se mantém, mas troca a auditiva pela visual.

Agora, a equipa está empenhada em descobrir como é que um cérebro surdo difere de um auditivo para melhor entender como manejar implantes e como é que as mudanças ou falhas auditivas acontecem naqueles que inicialmente ouviam bem.
Ciência Hoje

Publicado por Salete Bento

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